No Rio de Janeiro o cotidiano se reinventa a cada instante. É absurdamente impressionante como um dia nunca é parecido com o outro. Em nenhum lugar é assim, é claro, mas nesse Rio...
A cidade se faz através de encontros. Encontros de pessoas, das águas, dos copos, dos corpos, das teses. Encontros potentes, bélicos (literalmente, às vezes).
Eu já encontrei com Noel Rosa, com Ari Barroso, com Manuel Bandeira, com Nelson Rodrigues, com a Carmem Miranda, sem falar dos globais que passam por ti e parecem dizer: não estais me reconhecendo? E dos normais, como a Dores, que está a procura do Tone de Caxias, há pelo menos 15 anos. O Tone é o homem que some, diz Dores no "Bar proposta" em CopacabAna. Queria ser cronista, para lhes falar do Tone. Esse homem que some!!
Dentre os mortais, encontrei com Nelson Sargento, que se fez presente no show em homenagem a Dolores Duran, uma das cantoras preferidas do meu pai. Seu Emílio, meu pai, me apresentou-a antes de partir. Aprendi com Dolores a pedir “uma boa média que não seja requentada”. E Nelson Sargento: ainda bem que o vi antes de partir, antes de virá estátua!
Aqui até o mar fica de ressaca!!! Esse Rio também é minha rua, minha e tua mururé e, apreciando a ressaca do mar, me alembrei de Abaeté.
Além dos encontros “reais”, fico conjecturando encontros não reais e, marginais. Já me imaginei numa possível conversa com Rui Paranatinga Barata, Waldemar Henrique, Cartola e Gonzaguinha, sobre os últimos acontecimentos no Rio de Janeiro. Com as águas de março fechando o verão e o poder público sem saber o que fazer com a população.
Rui Barata
- Esse Rio é minha rua
Minha e tua mururé
Piso no peito da lua, deito no chão da maré...
Waldemar Henrique
- Mas ele não sabe que seu dia é hoje...
Cartola
- A sorrir eu prefiro levar a vida, pois chorando eu vi a mocidade perdida...
Eu
“- Eu acredito é na rapaziada, eu ponho fé é na fé da moçada, eu vou à luta com essa juventude...” (Gonzaguinha)
Saúde aos povos dos Rios!!
