sábado, 26 de janeiro de 2008

Ontem e Hoje

Ontem eu vi duas Ananindeuas. Uma pela manhã e outra ao final do dia. A da manhã imatura, festiva e sem um rumo certo. E eu que só queria seguir o meu rumo, fui impedida por um guarda que se armou e que não fala com mulher em serviço. Já a do final do dia, mas não no final da vida, madura, e com uma vitalidade de impressionar quem não a viu na flor da idade. A da manhã, estava acordando de uma farra, de uma balada, de uma micareta. A da noite, estava começando a reviver seus tempos de glória, seus bailes de carnaval com dia, hora e local marcado. A da manhã, fui impedida de entrar; a da noite fui convidada a entrar e sem pagar. No baile da Ananideua de outrora, o clima era de confraternização, de descontração, de Graça, de revitalização, pois o “pulso ainda pulsa”. Como não lembrar do mestre Emílio, “Ananideua está crescendo, está se tornando uma grande cidade, só em pensar em partir, falto morrer de saudade”. Já a da manhã estava de ressaca, vi um espaço sem lona, o circo foi desarmado e só restou o pão que as pessoas ainda iam comprar. Se o guarda deixar! Pensei.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Direitos Humanos


Entre um direito (humano) e outro, eu escrevo uma poesia (?), que não deixa de ser um direito, o de livre expressão. Livre de opressão, de contenção, de retenção, de redenção, de contração e de falsa ilusão.

09/01/08 (20:30hs.)

Em tempos de Carnaval

Ô iaiá....
Vem pra avenida ver meu Guri desfilar... E se não podes desfilar nem procriar, vem criar, pois quando chegar o momento, esse meu sofrimento eu vou cobrar com juros (juro), todos os dias que fiquei como empacotadeira nas casas Bahia. Bahia de todos os santos, de tantos encantos, de todos os cantos. Cantei até ficar com dor de mim, mas não me tranquei no camarim, fui pra avenida ver meu Guri desfilar, pois quero sua alegria mais gostosa, quero brincar de ser feliz, quero pintar o meu nariz, pois é carnaval, ô carnaval, ô carnaval... Não quero mais ficar com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela, mais sem graça que a top model na passarela, quero voar pras paralelas que se cruzam em Belém do Pará....Ô iaiá vem pra a avenida ver meu Guri desfilar...

06/01/08 (23:55 hs.)

Cotidiano

Hoje vi uma mulher, tão bonita, mais tão bonita!! De gestos tão simples e olhar tranqüilo, com uma vitalidade e uma certeza que deve ter impressionado tanto as pessoas que estavam à sua volta, a ponto destas (talvez) nem notá-la. Mas aquela mulher parece ser um fragmento de mim mesma, e eu senti vontade de conhecê-la, quis fitá-la, mas ela não se deixava, estava centrada em si e sabia aonde ir. Foi pro andar de cima (da loja), deve ser “gente boa”, pois estava num café de um magazine de “gente boa”, eu também estava ali, só pra ver aquela mulher boa, aquela boa mulher... Poderia ser minha mãe, pois já passava dos 65 anos e foi pro andar de cima (céu!?), talvez por isso teve preferência... em minha percepção.

07/12/08 (17:15hs.)

sábado, 5 de janeiro de 2008

Desamparo

Não saber por onde começar, diz muito do que se quer dizer...
Mas dizer adeus pra ti é muito mais simples do que dizer adeus pra mim. Como me despedir de mim? Me despir de mim? Em que porto está o meu corpo? Em que corpo está o meu porto? Sabemos de nossos desejos,tanto quanto de nossa existência. Sabemos dos nossos projetos tanto quanto de nossos desejos,sabemos de nosso futuro, tanto quanto de nossos projetos.
Quantas promessas, quantos desafios, quantos desatinos, quantos desamor, quantos de-sa-amor.Esse amor que insiste em nos rondar, numa espécie de vigilante que vez por outra, nos escapa e nos deixa viver, amar e até sonhar, mas que de tempo em tempo reaparece e reafirma que o amor também é DOR, e que dor!!
Dor de amor. Esse amor que “não tem juízo, nem nunca terá”. Esse menino que não tem juízo e essa menina, que não sabe se menina ou mulher. “Essa moça ta diferente..”, disse ele sem compreender também a sua diferença, o peso de sua indiferença. Como sair dessa roda viva? Disso que os poetas chamam de amor, os pessimistas chamam de dependência, os especialistas chamam de falta, de inacessibilidade. Como é triste o olhar desejante!
Mas, amar também é ver, simplesmente ver, te ver. Te ver é te ter. Que descoberta!! Que descortinamento! Escrever é desbotar e te ver é te ter.
Escrever é desbotar...
Te ver, é te ter ...
Agora que tenho a música. Esta arte que me permite falar e a escrita esse ato que me permite desbotar. Desbotar... Dizer é botar, é também brotar e desbrotar. É tudo isso. O que será? Que será?

22-09-07

ar


Se puderes dançar pelo ar
também as estrelas poderão te abraçar
não continue agarrada em tuas dores
elas não sabem dançar

Marilina Ross

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

simplesmente

Uma janela é sempre inspiradora...
Numa tarde de chuva então... E tendo o sol como expectador!!
Só em Belém do Para é possível esse esplendor
Que nos permite até esquecer a dor...

Um copo, uma mulher, um anjo, uma árvore no Natal
Um guarda-chuva que não guarda a chuva, uma música
Uma tarde que ainda está cedo, ainda está sendo uma tarde.

Uma vela, agora são três velas, uma porta fechada. Será que está fechada?
E o sol que deixa de ser expectador e abre a porta, vence a chuva
Se torna Sol e cuida dos seus.

31/12/07