segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Então é Natal...

A exuberância de nossas árvores.
Árvores frondosas, viçosas, medicamentosas
Árvores que nos dão frutos, flôres, oxigênio
E não bastasse, ainda nos dão sombra.




O que é fundamental?

"A pedra é fundamental." E a árvore, não é fundamental?



sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ecooooo!!!!



A todos que no século passado plantaram uma árvore na UFPA. Quando era moda! O pássaro que provavelmente não era dessa época não "compreende" ou não "aceita" essa pós-moda, pós-modernidade e insiste em ficar alí, como uma forma de ressitência! Talvez tenha "pensado":

"Todos esses que aí estão
atravancando meu caminho,
eles passarão...
eu passarinho!"
(Quintana)

Como diz o barroco, rococó, como ele mesmo se intitula, Ariano Suassuna: "queremos ser modernos, descolados, mas com problemas tão antigos, como o desrespeito ao meio ambiente". E como conviver com tamanha contradição? Retira-se o belo e depois cobre-se o "feio" pra que fique um pouco mais bonitinho!!!
Isso que é desperdiço de dinheiro público, força de trabalho, energia física e psiquica, pra não dizer outra coisa, "pra não dizer que não falei das flores".

As imagens são da UFPA do século XXI, em frente a Faculdade de Antropologia. Elas enfeitam o "quintal" da bilioteca do IFCH. Onde se vê um vaso de concreto e duas latas de zinco em cada extremidade, existiam duas árvores barrocas de jambeiro.

domingo, 26 de outubro de 2008

De volta

"Estou de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante bagagem..."
Descobri coisas óbvias: que toda mulher é meio Leila Diniz
Que todo palhaço pinta o nariz
Que quando não é dia, é noite
Reencontrei a Estamira na lata do lixo do Bauman
Descobri com Fernando Pessoa que Jesus Cristo não entendia de finanças e nem tinha biblioteca em casa
Conheci Rita e Rosa, uma lê livros e acorda cedo. A outra, dorme tarde e sonha com a liberdade
Me descobri jornalista e psicanalista, pois gosto de investigar a alma e a matéria.
Enfim, hoje é domingo no pé do cachimbo, mais uma eleição, mais uma enrolação, decepção, falsificação. Democratização!?

sábado, 20 de setembro de 2008

Salinas: Algo plural

Café, café, café...
Gente, gente, gente...
Sonho, sonho, sonho...
SPE, SPE, SPE...
“Desejo, necessidade, vontade”

Momentos de formação
De transformação
De revelação
De reformulação
De reformular a ação

Momentos de criação
De imaginação
De regressão
De sedução

Momentos de convicção
De conversação
De apuração
De apurar a ação

Dedico aos que desejam construir uma sociabilidade de direitos. De direito e de fato!

sábado, 30 de agosto de 2008

Tempo

"O tempo é antes de tudo um símbolo social"
Norbert Elias

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Minhas imagens

Chalé de Ferro em Icoaraci. Belém-Pa
Às 5:40hs


Às 6:00hs

sábado, 2 de agosto de 2008

Algo dual

A fálica falência de um gelo
Antes água, agora gelo
Gelo que sacia, que alivia, que anestesia
"Desfarça e chora"
A dor de um tombo
O alívio de um ombro
Gelo que fala, que cala, que pára
Gelo fálico, que fez o que fez e se desfez...
Agora água. Mas que outrora entrou em cena sem revelar a senha.


À bela companhia de Guilherme, Milene e André

Cafée

Café no le chat noir? Só em Belém do Pará. Pra ver o sol repousar? Só no le chat noir. Por o sol no luar? Só no le chat noir. "Aqui ninguém é de ninguém, Algodoal é zen". Algo dual, Algodoal, algo dual.

Ruas estreitas,
Cenário perfeito,
Verdades suspeitas,
Conceitos desfeitos,
Caminhos refeitos.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Noite



Às vezes não quero dormir só pra ficar um pouco mais comigo mesma
Sinto falta de mim na claridade
Sei que amanhã não vou querer saber de mim tão cedo,
é sempre assim
A cada noite que se vai é mais um dia que se esvai
Por que não é tudo noite?

sábado, 5 de julho de 2008

Sábado

Hoje é sábado, ta meio assim...
Quando as palavras faltam, só nos resta calar.
Calar, sublimar para a alma acalmar...
Mas como sublimar um coração que insiste em disparar, em desanuviar, em desacatar? “Que não tem governo e nem nunca terá”?.

Parafraseando Gordon Comstock do romance de George Orwell: “Desaparecer, desaparecer! Desaparecer no macio e seguro ventre da terra, onde não há empregos a serem conquistados e perdidos, amigos ou parentes para nos perseguirem, onde não há esperança, medo, ambição, honra ou dever – cobranças de qualquer espécie. Era onde eu queria estar”

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Psicanálise

Pra quem ainda não a conhece, essa é Maria Rita Kehl. Pensei em postar uma parte desse texto, mas confesso que foi impossível.

Por uma vida menos banal
Por Maria Rita Kehl

Sou psicanalista há mais de vinte anos, mas até hoje me espanta que as pessoas ainda procurem a psicanálise para tentar resolver seus conflitos, sair do sofrimento repetitivo, decifrar seus sintomas. Não que eu duvide da eficácia da psicanálise - pelo contrário. O que me espanta é que tanta gente ainda escolha o percurso lento e sofrido de uma psicanálise nesses tempos de terapias breves, guias de auto-ajuda, medicações milagrosas. A psicanálise é o avesso da pressa. Sua eficácia difere radicalmente da eficiência pragmática tão cara à nossa cultura neoliberal. O psicanalista não aconselha, não promove o ego de ninguém, não alivia (quase) nada. Numa outra vertente ideológica, o psicanalista diverge também do guru complacente, a conduzir seus adeptos pelos caminhos da morada interior, onde supostamente viveria o 'verdadeiro eu' - essa ficção tão cara à modernidade. Por isso ela me parece desajustada à vida contemporânea, na qual se acredita que um 'ego' bem cultivado seja condição do sucesso e da inclusão social. Afinal, a psicanálise também é o avesso do universo de imagens fulgurantes em que vivemos hoje, e com as quais tentamos nos identificar; ela é o império do significante, da palavra com seu fundo falso, sua parcela de vazio e de nonsense. Por fim, o objeto da psicanálise é o desejo inconsciente, não o'ego'. Não é confortável habitar o terreno do desejo inconsciente. Não é parecido com o palacete narcísico da 'morada interior', abrigo do (suposto) eu verdadeiro que alimenta as aspirações individualistas. No terreno escorregadio do desejo, o sujeito é um eterno sem-teto: vive acampado, nômade, mudando sua tenda de cá para lá de acordo com os ventos e as chuvas. É que o desejo inconsciente não é uma 'coisa' de que o analisando possa se apoderar e controlar, como um habitante incômodo da casa ao qual se reserva um quartinho nos fundos para que ele não perturbe o andamento geral das coisas. Nem é o que se chama hoje, vulgarmente, de desejo (sexual), ou seja: as fantasias (explícitas) de consumo e sexo que apelam para nós de fora para dentro, nos objetos e mensagens da indústria cultural. O efeito de uma psicanálise não é o controle racional do inconsciente, nem a 'realização' do desejo; não é liberar o sujeito da incômoda presença do desejo inconsciente, e sim propiciar que ele suporte desejar.Neste sentido, a psicanálise me parece um tanto anacrônica. No aparente império do desejo em que vivemos, onde cada um se acredita no direito ('você merece'!, dizem as mensagens publicitárias) de realizar imediatamente todas as fantasias, a maior parte das pessoas parece ter vergonha de desejar. Por isso escrevi que o império do desejo é aparente: vivemos mesmo é no império do gozo - 'tudo ao mesmo tempo agora' - em que o desejo, que se realiza no trabalho de simbolização e não na posse das coisas, não tem muito lugar. Repito o que escutei em uma conferência do filósofo esloveno Slavoj Zizek: uma das tarefas fundamentais do psicanalista, hoje, é autorizar o analisando a não gozar - e se manter desejante. Nesse sentido, o dispositivo analítico - que mudou muito pouco em um século de existência - deve operar em uma direção oposta à dos tempos de Freud. Hoje já não se trata tanto de permitir a expressão das fantasias inconscientes recalcadas (cujo conteúdo era impensável para a moral vitoriana), e sim de levar o analisando a se perdoar por não conseguir realizar a profusão de fantasias que circulam nas mensagens e apelos da indústria cultural. Não se trata de proibi-lo de gozar e sim de autorizá-lo a não gozar. Pois o imperativo do gozo é tão severo e tão exigente quanto a proibição a toda forma de gozo. O super-eu, instância crítica e sádica que atormenta o eu com suas normas rígidas e suas ameaças de castigo, tanto obriga a gozar quanto proíbe o gozo. Do ponto de vista do supereu, o imperativo: 'goza!' é tão severo quanto a proibição: 'não goza!'. Autorizar o sujeito a não gozar é muito diferente de proibir o gozo: é trabalhar para que ele possa se libertar da relação de servidão com o supereu.Na contracorrente do senso comum, muita gente continua procurando os consultórios dos psicanalistas atrás de um tipo de tratamento que, se não é o mais eficiente, a meu ver é o mais ético, já que ao sair de uma análise o sujeito deve ser capaz de se responsabilizar pela sua condição desejante. O que me espanta é que a sedução dos dispositivos de adaptação das pessoas à cultura do narcisismo e do consumo ainda encontre resistências entre os que procuram os consultórios dos psicanalistas. Não: a palavra 'resistência' lembra sacrifícios, barreiras morais, ascese, recusa do prazer. As pessoas não procuram a psicanálise para 'resistir' aos prazeres oferecidos pela sociedade do espetáculo e do consumo. Procuram análise porque não conseguem se adequar a eles. É claro que cada candidato a uma análise tem suas queixas e seus sintomas particulares. Mas escuto com muita freqüência queixas do tipo: 'eu não consigo me divertir tanto quanto eu deveria'. As pessoas, maduras ou jovens (acho que os jovens sofrem mais) vivem em dívida com o gozo. Alguém disse, uma vez: 'é como se em algum lugar estivesse acontecendo uma festa espetacular, onde todos estivessem se divertindo além de todos os limites, só que eu não tenho o endereço'. O neurótico, hoje, não se sente um pecador, um impuro, como no início do século XX: sente-se otário. Barrado no baile. A psicanálise é a cura dos otários? Talvez sim: só que o psicanalista não oferece o endereço da tal festa a ninguém. Ele nem sabe o endereço. No máximo, o analista sabe que o cara que se imagina otário não está perdendo festa nenhuma; a festa do gozo permanente não é proibida, nem é restrita aos mais espertos. Ela é simplesmente impossível de se realizar. Mas isso, o analisando vai descobrir por ele mesmo se quiser deixar de ser otário.

Disciplina é liberdade...



“E há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade”.
Medida! Ultimamente venho refletindo a respeito dessa palavra, medida: medida cautelar, medida provisória, medida socioeducativa, enfim. Que medida estamos tomando pra cuidar dos jovens do Brasil e do mundo? Serão necessárias mais medidas ou temos que tomar atitudes desmedidas? Des(temidas)?
“Há ferrugem nos sorrisos”. Há ferrugens das grades nos sorrisos de “nossos” jovens.

domingo, 25 de maio de 2008

Marajó


Esse é o americano. Ele mora na Ilha do Marajó, às margens do rio Paracauari. Essa é uma das minhas imagens preferidas, talvez pelo contraste nela presente e pela contradição que me causou: me vi apaixonada por um americano. Vocês precisam sentir o cheiro desse filho do Marajó; não é um cheiro neoliberal; não é o "cheiro do ralo". Ele gosta de água. Gosta de comer mamão com casca, de passear pelas margens (tal como eu gosto) do rio; gosta de visitar o Sulcoreano. Eu o conheci durante viagem àquela Ilha, por ocasião do feriado da Semana Santa, em 2006. Ele "sentou pra descançar como se ouvisse música".

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Estrada


Quem me conhece mais amiúde sabe da minha paixão, tesão por Jeep. Esse veículo de quatro rodas e de muitas fronteiras. Talvez o que me atraia nesse objeto seja o não convencionalismo, o romper fronteiras, o andar pelas margens, por onde geralmente não se circula; fazer o caminho que os outros (carros!?) não o fazem.
“Quando eu morrer se eu não for pro céu eu vou lá pro Marajó”... E de Jeep, é claro!!!
Ah! O Marajó, a minha outra paixão... Jeep, Marajó, Dalcídio Jurandir, chuva, campos, cachoeira, terra, desejo, Americano (um brasileiro), saudade. Saudade!!!

segunda-feira, 12 de maio de 2008

O carteiro, o poeta e a fábrica



Assim como tem coisas que me deixam triste, tem outras que me emocionam, que me deixam em estado de graça, como a cena acima. Essa foto foi tirada no ano passado em uma atividade realizada por um grupo de alunos da FAZ que se arvorou a estudar o sentimento ambivalente que o trabalho provoca: prazer e dor.

A fábrica

Tem coisas que me afetam sobremaneira, como por exemplo, ver um sujeito trabalhador almoçar às 15h30min em seu locus de trabalho e, solitariamente. Sim, pois o momento das refeições para mim particularmente é pra ser compartilhado stricto sensu, pois de outra forma a comida não irá alimentar a alma, fará outro caminho, não sei qual... Talvez, tal cena tenha me remetido a outra, vivenciada anteriormente, onde o operário não tendo onde fazer suas refeições e nem com quem compartilhar seu estranhamento, sentou-se em um canto e se alimentou (?), solitariamente.
Hoje o contexto era outro, a começar pelo ambiente físico, lugar social, posição hierárquica etc. Mas o sabor da comida me pareceu familiar. Cheguei a sentir o gosto amargo de outrora. A fábrica parece que mudou, mas o chão continua o mesmo.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

1° de maio

Pensei em dar o título para essa postagem de grupelhos ou grupúsculos, em uma versão mais atualizada. Depois resolvi dedicar a mim e a ti, trabalhador e aos que não tendo acesso ao trabalho (mesmo o trabalho estranhado) sentem DOR. Vamos ao que interessa:
Estou neste mundo por uma causa, e a cada dia tenho mais clareza de que “gente é pra sorrir”, como dizia Caetano, nos bons tempos, é claro... Aos que ainda não me decifraram... não precisei, graças a Guatarri, adentrar ao interior dos partidos par-tidos para descobrir que “os monomaníacos da direção revolucionária conseguem, com a cumplicidade inconsciente da base, mobilizar o investimento militante em impasses particulares. É o meu grupo, minha tendência, meu jornal, nós é que temos razão, minha linha, criamos uma pequena identidade coletiva encarnada em nosso líder local... Não havia todo esse tormento em maio de 1968!”

Felix Guatarri

Fim de tarde

Uma biqueira é sempre inspiradora,
Numa tarde de chuva então...
Uma biqueira, um blues , uns amigos libertários e um peixe solidário
E a noite, não se fez de rogada, surgiu e logo anunciou a madrugada
Embriagada, encabulada, descortinada!!

domingo, 20 de abril de 2008

Domingo no pé do cachimbo

E o Cartola continua em meus pensamentos
E eu me dei conta que ainda tem muita coisa nessa cartola... Então:
"Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Quero assitir
A o sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só sou vou voltar
Depois que eu me encontrar"

Cartola

terça-feira, 8 de abril de 2008

Saúde!

Lendo Paulo Freire e escutando Cartola, lembrei-me que "viver intensamente é cuidar de si e não saber quando a morte virá, o juizo sobre ela ou qualquer acerto. É preciso ir além do limite, fincar a vida em limites, romper com a conservação do passado e fazer irromper o presente" Passetti (2003).

Saúde!!!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sejudh

Prova objetiva da Sejudh: "Eu tô te explicando prá ti confundir, eu tõ te confundindo prá te esclarecer" Tom Zé.

Fragmentos de um Cobrador

“NA PORTA da rua uma dentadura grande, embaixo escrito Dr. Carvalho, Dentista. Na sala de espera vazia uma placa, Espere o Doutor, ele está atendendo um cliente. Esperei meia hora, o dente doendo, a porta abriu e surgiu uma mulher acompanhada de um sujeito grande, uns quarenta anos, de jaleco branco.
Entrei no gabinete, sentei na cadeira, o dentista botou um guardanapo de papel no meu pescoço. Abri a boca e disse que o meu dente de trás estava doendo muita. Ele olhou com um espelhinho e perguntou como é que eu tinha deixado os meus dentes ficarem naquele estado.
Só rindo. Esses caras são engraçados.
Vou ter que arrancar, ele disse, o senhor já tem poucos dentes e se não fizer um tratamento rápido vai perder todos os outros, inclusive estes aqui — e deu uma pancada estridente nos meus dentes da frente.
Uma injeção de anestesia na gengiva. Mostrou o dente na ponta do boticão: A raiz está podre, vê?, disse com pouco caso.
São quatrocentos cruzeiros.
Só rindo. Não tem não, meu chapa, eu disse. “
##
“Na casa de uma mulher que me apanhou na rua. Coroa, diz que estuda no colégio noturno. Já passei por isso, meu colégio foi o mais noturno de todos os colégios noturnos do mundo, tão ruim que já não existe mais, foi demolido. Até a rua onde ele ficava foi demolida. Ela pergunta o que eu faço e digo que sou poeta, o que é rigorosamente verdade. Ela me pede que recite um poema meu. Eis: Os ricos gostam de dormir tarde/ apenas porque sabem que a corja/ tem que dormir cedo para trabalhar de manhã/ Essa é mais uma chance que eles/ têm de ser diferentes:/ parasitar,/ desprezar os que suam para ganhar a comida,/ dormir até tarde,/ tarde/ um dia/ ainda bem,/ demais./

Ela corta perguntando se gosto de cinema. E o poema? Ela não entende. Continuo: Sabia sambar e cair na paixão/ e rolar pelo chão/ apenas por pouco tempo./ Do suor do seu rosto nada fora construído./ Queria morrer com ela,/ mas isso foi outro dia,/ ainda outro dia./ No cinema Íris, na rua da Carioca/ o Fantasma da Ópera/ Um sujeito de preto,/ pasta preta, o rosto escondido,/ na mão um lenço branco imaculado,/ tocava punheta nos espectadores;/ na mesma época, em Copacabana,/ um outro/ que nem apelido tinha,/ bebia o mijo dos mictórios dos cinemas/ e o rosto dele era verde e inesquecível./ A História é feita de gente morta/ e o futuro de gente que vai morrer./ Você pensa que ela vai sofrer?/ Ela é forte; resistirá./ Resistiria também; se¬ fosse fraca./ Agora você, não sei./ Você fingiu tanto tempo, deu socos e gritos, embusteou/ Você está cansado,/ você. acabou,/ não sei o que te mantém vivo./

Ela não entendia de poesia. Estava solo comigo e que¬ria fingir indiferença, dava bocejos exasperados. A farsanteza das mulheres.”



O Cobrador
Rubens Fonseca (1979)

Contradição

Marabá, cidade de bruta contradição, lembrei-me do cobrador...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ontem e Hoje

Ontem eu vi duas Ananindeuas. Uma pela manhã e outra ao final do dia. A da manhã imatura, festiva e sem um rumo certo. E eu que só queria seguir o meu rumo, fui impedida por um guarda que se armou e que não fala com mulher em serviço. Já a do final do dia, mas não no final da vida, madura, e com uma vitalidade de impressionar quem não a viu na flor da idade. A da manhã, estava acordando de uma farra, de uma balada, de uma micareta. A da noite, estava começando a reviver seus tempos de glória, seus bailes de carnaval com dia, hora e local marcado. A da manhã, fui impedida de entrar; a da noite fui convidada a entrar e sem pagar. No baile da Ananideua de outrora, o clima era de confraternização, de descontração, de Graça, de revitalização, pois o “pulso ainda pulsa”. Como não lembrar do mestre Emílio, “Ananideua está crescendo, está se tornando uma grande cidade, só em pensar em partir, falto morrer de saudade”. Já a da manhã estava de ressaca, vi um espaço sem lona, o circo foi desarmado e só restou o pão que as pessoas ainda iam comprar. Se o guarda deixar! Pensei.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Direitos Humanos


Entre um direito (humano) e outro, eu escrevo uma poesia (?), que não deixa de ser um direito, o de livre expressão. Livre de opressão, de contenção, de retenção, de redenção, de contração e de falsa ilusão.

09/01/08 (20:30hs.)

Em tempos de Carnaval

Ô iaiá....
Vem pra avenida ver meu Guri desfilar... E se não podes desfilar nem procriar, vem criar, pois quando chegar o momento, esse meu sofrimento eu vou cobrar com juros (juro), todos os dias que fiquei como empacotadeira nas casas Bahia. Bahia de todos os santos, de tantos encantos, de todos os cantos. Cantei até ficar com dor de mim, mas não me tranquei no camarim, fui pra avenida ver meu Guri desfilar, pois quero sua alegria mais gostosa, quero brincar de ser feliz, quero pintar o meu nariz, pois é carnaval, ô carnaval, ô carnaval... Não quero mais ficar com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela, mais sem graça que a top model na passarela, quero voar pras paralelas que se cruzam em Belém do Pará....Ô iaiá vem pra a avenida ver meu Guri desfilar...

06/01/08 (23:55 hs.)

Cotidiano

Hoje vi uma mulher, tão bonita, mais tão bonita!! De gestos tão simples e olhar tranqüilo, com uma vitalidade e uma certeza que deve ter impressionado tanto as pessoas que estavam à sua volta, a ponto destas (talvez) nem notá-la. Mas aquela mulher parece ser um fragmento de mim mesma, e eu senti vontade de conhecê-la, quis fitá-la, mas ela não se deixava, estava centrada em si e sabia aonde ir. Foi pro andar de cima (da loja), deve ser “gente boa”, pois estava num café de um magazine de “gente boa”, eu também estava ali, só pra ver aquela mulher boa, aquela boa mulher... Poderia ser minha mãe, pois já passava dos 65 anos e foi pro andar de cima (céu!?), talvez por isso teve preferência... em minha percepção.

07/12/08 (17:15hs.)

sábado, 5 de janeiro de 2008

Desamparo

Não saber por onde começar, diz muito do que se quer dizer...
Mas dizer adeus pra ti é muito mais simples do que dizer adeus pra mim. Como me despedir de mim? Me despir de mim? Em que porto está o meu corpo? Em que corpo está o meu porto? Sabemos de nossos desejos,tanto quanto de nossa existência. Sabemos dos nossos projetos tanto quanto de nossos desejos,sabemos de nosso futuro, tanto quanto de nossos projetos.
Quantas promessas, quantos desafios, quantos desatinos, quantos desamor, quantos de-sa-amor.Esse amor que insiste em nos rondar, numa espécie de vigilante que vez por outra, nos escapa e nos deixa viver, amar e até sonhar, mas que de tempo em tempo reaparece e reafirma que o amor também é DOR, e que dor!!
Dor de amor. Esse amor que “não tem juízo, nem nunca terá”. Esse menino que não tem juízo e essa menina, que não sabe se menina ou mulher. “Essa moça ta diferente..”, disse ele sem compreender também a sua diferença, o peso de sua indiferença. Como sair dessa roda viva? Disso que os poetas chamam de amor, os pessimistas chamam de dependência, os especialistas chamam de falta, de inacessibilidade. Como é triste o olhar desejante!
Mas, amar também é ver, simplesmente ver, te ver. Te ver é te ter. Que descoberta!! Que descortinamento! Escrever é desbotar e te ver é te ter.
Escrever é desbotar...
Te ver, é te ter ...
Agora que tenho a música. Esta arte que me permite falar e a escrita esse ato que me permite desbotar. Desbotar... Dizer é botar, é também brotar e desbrotar. É tudo isso. O que será? Que será?

22-09-07

ar


Se puderes dançar pelo ar
também as estrelas poderão te abraçar
não continue agarrada em tuas dores
elas não sabem dançar

Marilina Ross

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

simplesmente

Uma janela é sempre inspiradora...
Numa tarde de chuva então... E tendo o sol como expectador!!
Só em Belém do Para é possível esse esplendor
Que nos permite até esquecer a dor...

Um copo, uma mulher, um anjo, uma árvore no Natal
Um guarda-chuva que não guarda a chuva, uma música
Uma tarde que ainda está cedo, ainda está sendo uma tarde.

Uma vela, agora são três velas, uma porta fechada. Será que está fechada?
E o sol que deixa de ser expectador e abre a porta, vence a chuva
Se torna Sol e cuida dos seus.

31/12/07