domingo, 20 de abril de 2008

Domingo no pé do cachimbo

E o Cartola continua em meus pensamentos
E eu me dei conta que ainda tem muita coisa nessa cartola... Então:
"Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Quero assitir
A o sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer, quero viver
Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só sou vou voltar
Depois que eu me encontrar"

Cartola

terça-feira, 8 de abril de 2008

Saúde!

Lendo Paulo Freire e escutando Cartola, lembrei-me que "viver intensamente é cuidar de si e não saber quando a morte virá, o juizo sobre ela ou qualquer acerto. É preciso ir além do limite, fincar a vida em limites, romper com a conservação do passado e fazer irromper o presente" Passetti (2003).

Saúde!!!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sejudh

Prova objetiva da Sejudh: "Eu tô te explicando prá ti confundir, eu tõ te confundindo prá te esclarecer" Tom Zé.

Fragmentos de um Cobrador

“NA PORTA da rua uma dentadura grande, embaixo escrito Dr. Carvalho, Dentista. Na sala de espera vazia uma placa, Espere o Doutor, ele está atendendo um cliente. Esperei meia hora, o dente doendo, a porta abriu e surgiu uma mulher acompanhada de um sujeito grande, uns quarenta anos, de jaleco branco.
Entrei no gabinete, sentei na cadeira, o dentista botou um guardanapo de papel no meu pescoço. Abri a boca e disse que o meu dente de trás estava doendo muita. Ele olhou com um espelhinho e perguntou como é que eu tinha deixado os meus dentes ficarem naquele estado.
Só rindo. Esses caras são engraçados.
Vou ter que arrancar, ele disse, o senhor já tem poucos dentes e se não fizer um tratamento rápido vai perder todos os outros, inclusive estes aqui — e deu uma pancada estridente nos meus dentes da frente.
Uma injeção de anestesia na gengiva. Mostrou o dente na ponta do boticão: A raiz está podre, vê?, disse com pouco caso.
São quatrocentos cruzeiros.
Só rindo. Não tem não, meu chapa, eu disse. “
##
“Na casa de uma mulher que me apanhou na rua. Coroa, diz que estuda no colégio noturno. Já passei por isso, meu colégio foi o mais noturno de todos os colégios noturnos do mundo, tão ruim que já não existe mais, foi demolido. Até a rua onde ele ficava foi demolida. Ela pergunta o que eu faço e digo que sou poeta, o que é rigorosamente verdade. Ela me pede que recite um poema meu. Eis: Os ricos gostam de dormir tarde/ apenas porque sabem que a corja/ tem que dormir cedo para trabalhar de manhã/ Essa é mais uma chance que eles/ têm de ser diferentes:/ parasitar,/ desprezar os que suam para ganhar a comida,/ dormir até tarde,/ tarde/ um dia/ ainda bem,/ demais./

Ela corta perguntando se gosto de cinema. E o poema? Ela não entende. Continuo: Sabia sambar e cair na paixão/ e rolar pelo chão/ apenas por pouco tempo./ Do suor do seu rosto nada fora construído./ Queria morrer com ela,/ mas isso foi outro dia,/ ainda outro dia./ No cinema Íris, na rua da Carioca/ o Fantasma da Ópera/ Um sujeito de preto,/ pasta preta, o rosto escondido,/ na mão um lenço branco imaculado,/ tocava punheta nos espectadores;/ na mesma época, em Copacabana,/ um outro/ que nem apelido tinha,/ bebia o mijo dos mictórios dos cinemas/ e o rosto dele era verde e inesquecível./ A História é feita de gente morta/ e o futuro de gente que vai morrer./ Você pensa que ela vai sofrer?/ Ela é forte; resistirá./ Resistiria também; se¬ fosse fraca./ Agora você, não sei./ Você fingiu tanto tempo, deu socos e gritos, embusteou/ Você está cansado,/ você. acabou,/ não sei o que te mantém vivo./

Ela não entendia de poesia. Estava solo comigo e que¬ria fingir indiferença, dava bocejos exasperados. A farsanteza das mulheres.”



O Cobrador
Rubens Fonseca (1979)

Contradição

Marabá, cidade de bruta contradição, lembrei-me do cobrador...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ontem e Hoje

Ontem eu vi duas Ananindeuas. Uma pela manhã e outra ao final do dia. A da manhã imatura, festiva e sem um rumo certo. E eu que só queria seguir o meu rumo, fui impedida por um guarda que se armou e que não fala com mulher em serviço. Já a do final do dia, mas não no final da vida, madura, e com uma vitalidade de impressionar quem não a viu na flor da idade. A da manhã, estava acordando de uma farra, de uma balada, de uma micareta. A da noite, estava começando a reviver seus tempos de glória, seus bailes de carnaval com dia, hora e local marcado. A da manhã, fui impedida de entrar; a da noite fui convidada a entrar e sem pagar. No baile da Ananideua de outrora, o clima era de confraternização, de descontração, de Graça, de revitalização, pois o “pulso ainda pulsa”. Como não lembrar do mestre Emílio, “Ananideua está crescendo, está se tornando uma grande cidade, só em pensar em partir, falto morrer de saudade”. Já a da manhã estava de ressaca, vi um espaço sem lona, o circo foi desarmado e só restou o pão que as pessoas ainda iam comprar. Se o guarda deixar! Pensei.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Direitos Humanos


Entre um direito (humano) e outro, eu escrevo uma poesia (?), que não deixa de ser um direito, o de livre expressão. Livre de opressão, de contenção, de retenção, de redenção, de contração e de falsa ilusão.

09/01/08 (20:30hs.)

Em tempos de Carnaval

Ô iaiá....
Vem pra avenida ver meu Guri desfilar... E se não podes desfilar nem procriar, vem criar, pois quando chegar o momento, esse meu sofrimento eu vou cobrar com juros (juro), todos os dias que fiquei como empacotadeira nas casas Bahia. Bahia de todos os santos, de tantos encantos, de todos os cantos. Cantei até ficar com dor de mim, mas não me tranquei no camarim, fui pra avenida ver meu Guri desfilar, pois quero sua alegria mais gostosa, quero brincar de ser feliz, quero pintar o meu nariz, pois é carnaval, ô carnaval, ô carnaval... Não quero mais ficar com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela, mais sem graça que a top model na passarela, quero voar pras paralelas que se cruzam em Belém do Pará....Ô iaiá vem pra a avenida ver meu Guri desfilar...

06/01/08 (23:55 hs.)

Cotidiano

Hoje vi uma mulher, tão bonita, mais tão bonita!! De gestos tão simples e olhar tranqüilo, com uma vitalidade e uma certeza que deve ter impressionado tanto as pessoas que estavam à sua volta, a ponto destas (talvez) nem notá-la. Mas aquela mulher parece ser um fragmento de mim mesma, e eu senti vontade de conhecê-la, quis fitá-la, mas ela não se deixava, estava centrada em si e sabia aonde ir. Foi pro andar de cima (da loja), deve ser “gente boa”, pois estava num café de um magazine de “gente boa”, eu também estava ali, só pra ver aquela mulher boa, aquela boa mulher... Poderia ser minha mãe, pois já passava dos 65 anos e foi pro andar de cima (céu!?), talvez por isso teve preferência... em minha percepção.

07/12/08 (17:15hs.)